Imagine, caro leitor, alguém de dezesseis anos chegar sozinha numa cidade tão grande como São Paulo, vindo de uma cidadezinha do interior da Paraíba, menor que um quarteirão de qualquer bairro da metrópole. Uma jovem com pouca instrução fugindo da crueldade do pai ciumento, do atraso cultural que aquele Sertão bravio lhe impunha. Tem um objetivo estruturado, do qual não abre mão: trabalhar e estudar para tornar-se professora.

Bonita, mas a beleza é um mero detalhe. Nunca foi conquistada. Seu objetivo principal, logo ao chegar, foi atingido. Porém, todo sacrifício pelos seus, nossos objetivos, são conquistas prováveis, mas sacrifícios por objetivos de outrem é desgraça.

Surgiu na sua então nova e boa vida, conseguida com muito trabalho, um policial, psicopata patológico, maníaco, cilada 3x em conquistas impossíveis. Seus destinos se cruzaram e se atropelaram de forma tão contundente que a jovem, agora de dezoito anos, foge mais uma vez. Ser bonita deixa de ser detalhe e passa a ser um problema: a jovem não quer ser modelo nem atriz, quer ser professora na sua terra natal. A beleza, mais uma vez, lhe apresenta um insistente. Não é maníaco, não é psicopata, é uma criança na véspera da adolescência. Rico, mimado, meio seu patrão. Ela cede, engravida e foge novamente, agora para os braços do nada, para toda exclusão de cidadania da cidade grande.