O profeta não é uma espécie de adivinho que prognostica o futuro recorrendo à magia ou coisa que o valha. Em verdade, trata-se de alguém aquinhoado pelo céu com luzes intelectuais por cujo intermédio tem ciência infalível acerca do futuro contingente, ou seja, do que não é possível deduzir por via de raciocínio porque não se insere em nenhuma série de causas essencialmente ordenadas. Chamada de lumen propheticum por Santo Tomás de Aquino, esta clara visão do futuro, assim como do passado, do presente e, até mesmo, da eternidade, é uma participação divina de alguns inteligíveis à mente do profeta. Ao explicar como acontece a profecia, o Aquinate vê-se compelido a repisar, nesta que é a Questão 12 do monumental De Veritate, incontáveis teses de sua antropologia filosófica, aprofundando-se em complexos temas de metafisica. teoria do conhecimento, psicologia, teologia e até mesmo história da Igreja. Com a apresentação deste De Prophetia, obra até então inédita em língua portuguesa, a editora Concreta dá mais passo na direção da compor um catálogo de obras escolásticas de respeito. Esperamos contar com o beneplácito dos leitores.