O PODER E A GRAÇA DO EVANGELHO
Os sermões expositivos de Calvino à congregação de São Pedro, em Genebra, estiveram entre os volumes mais disputados do século XVI. A demanda do público era compreensível. Em primeiro lugar, Calvino “abriu as Escrituras”, não em volumes apenas para estudantes, mas para toda a igreja. Em segundo lugar, os sermões foram pregados no pleno sentido neotestamentário do termo, isto é, proclamação e persuasão, com convicção e poder.
Além da preocupação com a liderança irrepreensível, com o ensino fiel e com o bem-estar espiritual dos membros da igreja, a carta do apóstolo a Tito é intensamente ética e evangelística em sua ênfase na vida honesta, pela qual Deus é honrado e os de fora são atraídos à fé conforme testemunham o poder e a graça do evangelho. Assim, Calvino realça a centralidade da palavra revelada de Deus na vida coletiva da igreja e a necessidade de cada crente conformar-se em santidade e justiça ao padrão de pureza de Deus. Uma vida íntegra é, mediante a obra graciosa do Espírito, tanto a consequência quanto o acompanhante do ensino íntegro. A incoerência de conduta, entretanto, não é fácil de evitar, e o mundo condenará com razão os cristãos que dizem uma coisa e fazem outra.
A transformação na imagem de Cristo é obra de uma vida inteira. Matriculados na escola de Deus, os crentes são instados a aproveitar cada dia, crescendo não só em conhecimento, mas também em amor, e não só em proveito próprio, mas em favor do próximo, a quem estão ligados pelo vínculo da humanidade e da fraternidade. Dessa forma, a igreja é fortalecida, seu testemunho é confirmado e é dada uma prova tangível de que é o que alega ser – a comunidade redimida de Deus sobre a terra.
Publicados pela primeira vez em língua portuguesa, «Os sermões sobre Tito» revelam o coração do pastor Calvino, o guardador do rebanho de Deus, cujos membros são alimentados pela palavra da verdade, feitos um com Cristo pelo poder regenerador do Espírito, adotados na família de Deus e prometidos à herança celestial que não pode falhar.