Aos 17 anos, Lélia Coelho Frota reuniu as poesias que viriam a compor seu primeiro livro, Quinze Poemas, e bateu à porta do gabinete de Carlos Drummond de Andrade, que, na época, trabalhava no Ministério da Educação (RJ). Ele a recebeu bem, fez sugestões sobre os versos e os dois se tornaram amigos. Como se não bastasse, após ver uma exposição de Milton Dacosta e se apaixonar pelas pinturas do artista brasileiro, procurou-o e pediu que ilustrasse esse mesmo livro, lançado em 1956. Esses episódios marcam os dois principais caminhos que a poeta, antropóloga, crítica e curadora de arte Lélia Coelho Frota (1938-2010) iria trilhar ao longo da vida: a poesia e as artes plásticas. Premiada com o Jabuti e com o Prêmio Olavo Bilac da Academia Brasileira de Letras pelo livro Menino Deitado em Alfa (Quíron, 1978); amiga de Drummond, Guimarães Rosa, Cecília Meirelles; admirada por Ferreira Gullar, Henriqueta Lisboa e Otto Lara Resende, entre outros grandes nomes da poesia e literatura brasileira, a escritora também teve atuação importante no resgate e valorização da Arte Popular Brasileira. Foi diretora do Instituto do Folclore da Funarte - atual Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular -, do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro e presidente do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Como autora na área das artes plásticas, elaborou o Pequeno dicionário da arte do povo brasileiro - século XX (Aeroplano, 2005), o primeiro e único livro a reunir e organizar informações sobre 150 criadores de fonte popular, entre outros títulos. Em 2001 ajudou a fundar a editora Bem-Te-Vi Produções Literárias, onde ocupou o cargo de diretora editorial até sua morte em 2010. Agora, a mesma Bem-Te-Vi presta uma homenagem a Lélia publicando sua obra poética completa, com a reunião de todos os seus livros de poesia