Opúsculo sobre o livre-arbítrio, traduzido diretamente do original em latim, trata especificamente da perspectiva de São Bernardo sobre liberdade humana, em face das inúmeras discussões filosóficas, incendiando a noção de salvação e intenção, vigentes em seu tempo. O texto é resultado de um pensamento consciente dos aspectos fundamentais da teologia com reflexos na posterior escolástica e com resquícios fortíssimos do pensamento de São Paulo e de Santo Agostinho. São Bernardo expõe claramente que a escolha é um primeiro movimento da liberdade, mas, sozinha, gera a ilusão de pensar o mundo reduzido ao seu próprio povoado: a onisciência bandida e imprevisível do caboclo. A imprevisibilidade da liberdade é a síndrome do povoado, uma variação terrível da gnose iluminista. A Liberdade tem de partir da escolha, do fim previamente traçado com consciência. O livre-arbítrio é um resultado tensional habitando o meio-termo entre o Espírito Divino brilho da lembrança vigente em nós e o apetite da carne turvando nossos olhas na necessidade quotidiana. Pendemos de sofrimento, caminho pedregoso de terra infértil. Invadimos charcos inóspitos da fraqueza voluntária só suprível pelos cuidados da graça. Este opúsculo fora escrito por São Bernardo antes do ano 1128, quando ele ainda não atingira a idade de trinta e oito anos. Trata da graça e do livre-arbítrio e nasceu de uma discussão travada com um homem com identidade desconhecida. O Santo Doutor disse que tal personagem deu tanto valor para a graça que, debatendo em demasia sobre ela, não lhe sobrou quase nada para atribuir ao livre-arbítrio nos atos humanos.