No pequeno povoado montanhês de kruguer, argentina, há um festival de neve anual no dia 26 de junho. sob o olhar ansioso dos turistas, a comunidade se junta na praça para realizar apresentações de músicas e danças tradicionais, comer carneiro assado, distribuir chocolates e consumir muita cerveja alemã. as lojas ficam lotadas e a renda ajuda a manter a comunidade durante o verão. no entanto, durante o festival de 1987, aconteceu algo que as cidades vizinhas já temiam há algum tempo. uma crise de insanidade coletiva toma conta do povoado, e quase toda a população de kruguer é assassinada de maneiras brutais por seus próprios membros. misturando elementos documentais e recriações ficcionais, em o massacre, o autor argentino luciano lamberti conta a história de um pesadelo crescente que acaba explodindo num festim de horror e loucura. em sua estrutura, se trata de um romance de folk horror experimental. ele se apropria de recursos estéticos literários para enriquecer a narrativa e dar verossimilhança a esta trama chocante e inovadora. nele se alternam capítulos com narrativas mais comuns e outros que consistem em documentos, como interrogatórios policiais, declarações de envolvidos no resgate, diários de habitantes, uma citação de facundo: civilização e barbárie, clássico argentino do século xix escrito por domingo f. sarmiento, além de outros fragmentos narrativos ainda mais inusitados. o livro foi finalista do premio de novela fundación medifé filba, e em 2023 o autor foi o vencedor do prêmio clarín de romance, o mesmo que foi concedido à sua conterrânea agustina bazterrica, pelo livro saboroso cadáver, best-seller da darkside books. no júri, estava outra importante e aclamada escritora de horror argentina, samanta schweblin, autora de distância de resgate. romance intenso e peculiar, com descrições vívidas espalhadas ao longo da obra que apresenta como protagonista a carnificina no pequeno vilarejo o massacre é um festim diabólico para aqueles que apreciam autores como h.p. lovecraft, stephen king, clive barker, agustina bazterrica, mariana enríquez, e, por seu teor experimental, casa de folhas, de mark z. danielewski.