Na década de 1950, em Israel, o menino Momik, filho de judeus sobreviventes do Leste Europeu, interpreta à sua maneira os silêncios e fragmentos de conversas dos adultos sobre o que viveram na "terra de lá" (a Europa dominada por Hitler). Convencido de que a "besta nazista" é, literalmente, um monstro horrendo, resolve atraí-la a um galpão no fundo de sua casa para poder destruí-la, com a ajuda do avô Anshel Wasserman, que aparentemente ficou louco num campo de concentração.
Já adulto, e agora romancista, Momik recria literariamente a história de Bruno Schulz (1892-1942), escritor polonês morto por um soldado nazista no gueto de Drohobycz. Na variante inventada por Momik, porém, Schulz foge para Dantzig e se atira no mar do Norte, em cujas profundezas vive uma aventura fantástica e alegórica.
Outra história dentro da história é a do avô Wasserman, ele próprio autor, na década de 1910, de histórias protagonizadas pelas "Crianças do Coração". Em 1943, prisioneiro de um campo de concentração, Wasserman se transforma numa espécie de Sherazade às avessas: ao descobrir que é invulnerável às inúmeras formas de assassinato praticadas pelos nazistas, ele conta a cada noite novas histórias ao comandante do campo, e em troca este tenta matá-lo.
Narrado em várias vozes, fundindo gêneros e estilos, Ver: amor cobre de modo não linear praticamente todo o século XX, tendo como núcleo a experiência indizível do Holocausto.