Em agosto de 2004, um seminário na Universidade de São Paulo celebrou e discutiu a obra - moderna, complexa e nacional - de Roberto Schwarz. Sob a organização dos estudiosos Maria Elisa Cevasco e Milton Ohata, Um crítico na periferia do capitalismo reúne o resultado desse encontro, do qual participaram "corações veteranos" como o poeta Francisco Alvim e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, jovens críticos e escritores ao lado de colegas de Schwarz de longa data - Fernando Novais e Modesto Carone entre eles -, sem esquecer interlocutores estrangeiros como Dolf Oehler e Robert Kurz.
Ao longo de mais de trinta textos, entre análises, depoimentos e ensaios, os autores deste volume perseguem os fios e a trama da obra de Roberto Schwarz. Transitando da experiência pessoal do crítico ao horizonte histórico de sua trajetória, das influências às repercussões de sua obra, o livro acaba por compor o perfil de um ensaísta aberto ao melhor da teoria e da crítica estrangeira, ao mesmo tempo que marcado a fundo por um "instinto de nacionalidade" aprendido na obra de Antonio Candido.
Crítico interessado em articular dialeticamente a forma literária e o processo social, a tradição literária e a situação periférica, Schwarz é autor dos estudos seminais Ao vencedor as batatas (1977) e Um mestre na periferia do capitalismo (1990), sobre a obra de Machado de Assis.
Em sua trajetória intelectual - que inclui a graduação em ciências sociais na USP, em 1960; a participação no Seminário Marx, que entre 1958 e 1964, discutiu a obra do autor alemão; o mestrado em teoria literária na Universidade de Yale, nos Estados Unidos, apresentado em 1963; os anos como assistente de Antonio Candido no Departamento de Teoria Literária da USP; o exílio em Paris, de 1968 a 1978, onde obteve o doutorado em estudos latino-americanos pela Universidade de Paris III, em 1976; os anos como professor de teoria literária na Unicamp, de 1978 a 1992 -, o crítico nascido em Viena, em 1938, desenvolveu um estilo de pensar que alterou profundamente nossa compreensão da cultura brasileira - de Machado de Assis a Cidade de Deus, do tropicalismo a Minha vida de menina - e de seu lugar no concerto desafinado das nações modernas.