O que há em comum entre uma madame de Chicago, jovens americanos hedonistas, escoceses bêbados e outros tipos pra lá de banais? Com seu inconfundível senso de humor, Irvine Welsh dá voz a uma galeria de personagens tão bizarros quanto inesquecíveis na coletânea Se você gostou da escola, vai adorar trabalhar. Mais cáustico do que nunca, o autor de Trainspotting mostra, nas quatro histórias e uma novela que compõem o livro, que também é um mestre das narrativas curtas, gênero que não trabalhava desde a década de 1990.
Em comum, os personagens criados por Welsh vivem todos alguma forma de desespero silencioso. Em “Cascavéis”, uma ex-promessa do futebol americano, que desperdiçou sua carreira entre as drogas, a bebedeira e um amor não correspondido, se vê em uma situação limite em pleno deserto; no conto seguinte, que dá título ao livro, um britânico troca a Inglaterra pelo Caribe em busca de uma vida de prazeres, mas os problemas o seguem; a heroína de “Cães de Lincoln Park” vive uma montanha-russa de emoções, equilibrando-se entre a hipocrisia de amizades duvidosas e seus próprios preconceitos; em “Miss Arizona”, um cineasta a caminho do estrelato encontra mais do que esperava ao pesquisar a biografia de seu ídolo; e, em “O Reino de Fife”, o autor acompanha o crescente efeito opressivo da rotina e da falta de perspectivas sobre um grupo de jovens moradores de uma pequena cidade escocesa.
Em seu terceiro livro de contos, Irvine Welsh retoma alguns dos temas de seu romance de estreia, Trainspotting (1993), como o vício em drogas e a falta de perspectivas dos jovens dos bairros pobres da Escócia, e vai além, acrescentando à mistura suas experiências como roteirista de cinema e uma perspectiva mais madura, com personagens de meia-idade e protagonistas do sexo feminino, todos tentando superar expectativas que jamais se cumprem.