Com personagem espirituoso, novo romance do autor de Pátria inspira reflexões sobre a vida, a morte, as pessoas e como nos relacionamos Toni está cansado do mundo. Embora tenha uma saúde de ferro, o professor de ensino médio de história da filosofia não enxerga grandes perspectivas. Por mais que tenha lido uma quantidade considerável de livros, confessa que há coisas que não entende e acredita já ter experimentado tudo que há para experimentar. Decide, assim, pôr fim à própria vida. Metódico e sereno, ele escolhe inclusive a data da morte voluntária: 31 de julho do ano seguinte, o que lhe dá exatamente 365 dias para acertar pendências e tentar descobrir as verdadeiras razões por trás de sua polêmica escolha. Mas há um prazo-limite autoimposto para bater o martelo sobre seguir com o plano: o fim da migração dos andorinhões. Quando o primeiro deles despontar no céu em seu regresso, na primavera espanhola, Toni terá decidido. Nessa contagem regressiva até o dia derradeiro, ele vai gradualmente se desfazendo de seus pertences e, todas as noites, no apartamento que divide com Pepa, sua cachorra, dedica-se a escrever memórias e anotações pessoais, duras e desesperançadas, mas não menos ternas e espirituosas. A partir dessa espécie de diário, revela toda a sua intimidade — inclusive os recônditos mais controversos —, revisita o passado e discorre sobre os assuntos cotidianos de uma Espanha politicamente turbulenta. Com seu bisturi implacável, Toni fala dos pais; do irmão, que não suporta; da ex-mulher, de quem não consegue se desvincular; do filho problemático, Nikita; do mordaz amigo, Patamanca; e de uma inesperada Águeda. Na sucessão de episódios amorosos e familiares de uma constelação humana viciante, esse homem desnorteado, porém determinado a contar as próprias derrotas, nos oferece, paradoxalmente, inesquecíveis lições de vida.