O nome de Duda Machado está associado a um dos períodos mais ricos da arte brasileira — a Tropicália —, que chacoalhou a cena cultural no final dos anos 1960 e projetou nomes como Caetano Veloso e Gilberto Gil, entre tantos outros. Àquela época, Machado foi letrista cantado por Gal Costa, Elis Regina e Jards Macalé. Dali em diante, além de atuar como editor, tradutor e professor, publicou livros de poemas que se destacam pela forma precisa e original, dialogando com a tradição e com as questões do seu tempo.
Este volume reúne toda a produção poética do autor: as letras do início da carreira, os livros Zil (1977), Um outro (que integra a reunião Crescente 1977-1990, da coleção Claro Enigma, 1990), Margem de uma onda (1997) e Adivinhação da leveza (2011), além de poemas publicados posteriormente, de modo esparso.
Como afirma Heitor Ferraz Mello, que assina a orelha do livro, a “trajetória [de Duda Machado] é a de um poeta que conhece os limites do lirismo e da confissão do eu, a ponto de evitá-los quando se tornam obstáculos, mas que não os recusa para descortinar a precária condição da nossa vida, nesta quadra perturbadora da história”. Poesia 1969-2021 é, portanto, uma publicação muito importante pelo que recupera da melhor poesia das últimas décadas no Brasil, mas também pelo que esses poemas ainda têm a dizer, daqui em diante.