Marvin se casou e se separou duas vezes. Mas, apesar das feridas, ainda acredita no amor. Agora, com Analice, tudo será diferente. Ela é bonita, paciente, compreensiva e educada. Ela é perfeita. Marvin espera não levar mais pancadas da vida. Analice é uma boneca de silicone.
Marvin tem quarenta anos e mora sozinho num subúrbio de casinhas coloridas, com gramado sempre aparado. Tem mania por limpeza, a cozinha é minimalista. As facas alemãs, afiadíssimas, estão cravadas no cepo de madeira rústica, única lembrança do primeiro casamento.
Ouve alguma música, e é obcecado por Radiohead. Passou por dois relacionamentos, mas não conseguiu se aprofundar em nenhum deles. É como se Marvin não conseguisse se conectar com as ex-mulheres e entender seus anseios e frustrações. Isso muda com a vinda de Analice.
Ela é calada e paciente. É uma boneca de silicone criada em San Marcos, na Califórnia, que chega numa caixa retangular pesada. Com ela, Marvin espera evitar as discordâncias dos relacionamentos anteriores. O silêncio da boneca, no entanto, é poderoso. Analice o obriga a falar e a reviver os casamentos desfeitos, e o fará mergulhar em suas mais doloridas memórias de amor e desejo nunca consumados.</p
“Através de uma escrita segura, servindo-se com habilidade de cortes temporais e alternando vozes em primeira e terceira pessoa, (…) Leonardo Brasiliense constrói uma novela ágil, conectada com o seu tempo mas também com temas que o ultrapassam. Peixe estranho é atemporal e universal.” — Amilcar Bettega