Este livro restaura uma das faces menos conhecidas de Rubem Braga. Em textos com a linguagem aberta do cronista e a percepção comovida do poeta, sem deixar de se valer de grande coragem crítica, ele compõe um painel das artes plásticas no Brasil moderno.Se no período em que mais escreveu sobre o tema, as décadas de 1950 e 1960, havia uma tendência concretista para julgar e estimular a arte, propondo procedimentos matemáticos e industriais de produção, a postura de Rubem será diametralmente oposta. Fixa-se nos perfis biográficos, valorizando não as teorias, mas o contato dos artistas (muitos de origem proletária) com o mundo, os fracassos diante da vida, as lutas para se construir uma trajetória de genialidade em um país ainda sem mercado para arte e sem instituições que a estimulassem plenamente.Por isso, nesses textos de intervenção, o cronista percebe a necessidade de se criar um sistema, sem se prender apenas a grandes pintores e escultores. Ele se interessa também por fundidores, paginadores, paisagistas, maquetistas, arquitetos, restauradores, críticos, artesãos, fotógrafos, caricaturistas... É uma grande família artística.Mais do que avaliações de obras, no entanto, temos neste livro a defesa apaixonada da arte como espaço de convívio humano.