Lançado originalmente em 1996, O rio do meio, de Lya Luft, foi um dos pioneiros em um gênero indefinido e inusitado na literatura brasileira: nem ficção, nem relato jornalístico. Original, o livro foi vencedor do prêmio de melhor obra do ano da Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA). Lya entremeia, com maestria e sensibilidade, lembranças, ora em primeira pessoa — sem que isso signifique estar fazendo autobiografia —, ora em terceira — sem que isso represente estar sendo objetiva. “Minha literatura não emerge de águas tranqüilas: fala de minhas perplexidades enquanto ser humano, escorre de fendas onde se move algo, que, inalcançável, me desafia. Escrevo quase sempre sobre o que não sei”, revela a autora. Com sua prosa delicada, num tom quase íntimo, sussurrando verdades no ouvido do leitor, Lya versa sobre as descobertas de uma criança intrigada com a vida e seus mistérios, sobre o amadurecimento do ser humano, com seus conflitos e alegrias, sua coragem e fracassos. Segundo Lya “há temas que se repetem, perguntas que se perpetuam; inquietações coincidem entre o escritor e seus leitores, entre quem dá algum depoimento e quem assiste” e partindo disso, ela convida o leitor para um jogo, aliando histórias vividas e imaginadas, brincando, encantando e, principalmente, fazendo pensar. Aos poucos, o leitor torna-se cúmplice, ombro amigo, ouvidos atentos, coração ora apertado, ora entregue, indagando ao lado de Lya sobre a angústia de não saber o que vem depois da vida, sobre a solidão, sobre cada um de nós. O rio do meio é um livro fascinante, em que todos irão encontrar um pouco sobre si mesmos e no qual é possível buscar estímulo e um pouco mais de autoconhecimento. • Lya Luft é considerada uma das maiores escritoras do país. Seu best-seller Perdas & Ganhos vendeu mais de 500 mil cópias. • Lya Luft é colunista da Veja.