O selo Escrituras, dentro da Coleção Ponte Velha, edição apoiada pelo Ministério da Cultura de Portugal e pela Direção-Geral do Livro e das Bibliotecas (DGLB), publica O osso côncavo e outros poemas, de Luís Carlos Patraquim, organizado por Floriano Martins e ilustrações de Fernando Pacheco.Luís Carlos Patraquim reúne em O osso côncavo e outros poemas (1980-2004), simultaneamente título de um novo volume de poemas, e desta antologia pessoal, grande parte dos seus poemas, publicados anteriormente em Monção (1980), A inadiável viagem (1985), Vinte e tal novas formulações e Uma elegia carnívora (1991), Mariscando luas (1992) e Lidemburgo Blues (1997).O poeta é uma das vozes mais inovadoras da nova poesia moçambicana, que se revela logo no início da década de oitenta, demarcando-se da temática geral da exaltação ideológica. Uma opção de escrita, e de um percurso intertextualizado em outros textos da poesia moçambicana, que distinta e originalmente se destaca pela procura de um itinerário próprio, alicerçado em propostas anteriores, reformulando-as, e que inaugura diferentes vertentes para a lírica moçambicana.Patraquim, afinal, resume e ressuma, reabsorve e retrabalha na sua aventura poética (e a metáfora do trajeto percorre desde o início os títulos dos seus livros) a dívida doada por vozes poéticas anteriores, captando a “intermitência dos sons“ que invadem o seu registro de escrita. Talvez não seja excessivo afirmar que o autor funda, de certa maneira, uma tradição poética na qual, e pela qual, se faz coletor de sinais, versos, títulos, obsessões, afetos, estilos, tendências, desencontros, reinscritos no seu enunciado que, em amálgama, denuncia a “formulação”, de um diverso legado, cuja herança conflui nos seus poemas em estreitas “correspondências”, na acepção baudelairiana.