Porto-alegrense de nascimento, Cecília Rodrigues vive em Recife do Sul desde que o marido faleceu. Há certo tempo que está lá, tem visto bastante da cidade e frequentemente lembrado coisas da vida que viveu, acompanhando os acontecimentos do momento em que está narrando. Mantendo um bordel desde que para lá se mudou, associa algumas histórias com o que percebe de mais humano ali dentro.
Viveu uma série de casos semanais, contando e descrevendo sua vida durante aquela semana. Acompanhou também a eleição municipal, anexando esses fatos à narrativa, isto é, absorveu aquilo, como aconteceu na Recife do Sul. Com a personalidade que tem, tirou conclusões sobre os ocorridos, assim falando sobre eventos e pensamentos.
Durante esse tempo, encontrou-se com um velho conhecido: o cafetão Osmar Filho Diabo, com quem conversou por longos períodos, além de ter sentido seus prazeres. Foi longe em vários momentos, relembrando e conhecendo facetas do homem. E conheceu o padre João, que chegara para trabalhar na igreja ao lado de seu negócio. Ao convidar para suas noites, o teve por alguns dias também. Feliz, foi se sentindo, cada vez mais. Os pensamentos que têm ao ir contando vão se mesclando com suas ideias e sua criação, tornando embaraçado o que fala, pelas oscilações que tem dentro de si. Além do externo que coloca como a realidade, tem toda uma dimensão mental, que se mescla às coisas externas.
As narrativas sobre as pessoas sempre levam aos pensamentos sobre a vida. Principalmente quando elas mesmas as contam. Ao narrar a si mesmo enquanto personagem, o narrador compõe suas histórias e criações. A partir delas, traz o que é e descreve o que vê. Todos os tipos de assuntos se misturam em suas essências; a pessoa conta aquilo que sente, pensa e compreende.