Há quase 20 anos, quem andava pela cidade de Belo Horizonte sempre via pequenos poemas grafitados em seus muros, paredes e tapumes de construções. Em meio à correria do trânsito e à pressa indecifrável dos pedestres, lá estavam versos que se tornaram conhecidos. Surgiam com um encantamento que para muitos parecia magia e mistério. O primeiro, um pedido de (in)sanidade coletiva: "Apague/ a rua/ que a lua/ tá linda". Junto à loja de doces, deliciosa confissão: "Se fosses bolo/ eu te comeria assim/ com gosto/ sem confeito/ sem glacê". Em cada poema, uma assinatura: o "Poeta a Procura de Editor". Como tantos humanos que buscam. Que buscam ideais. Que acreditam em sonhos. Ali estava, mais que poemas, um convite à crença, à busca! Gestos abusados de esperança. Na porta do maior jornal de Minas Gerais, um manifesto curto, grossamente impresso em tinta: "Poesia, invada o Estado de Minas". O poeta brincou, assim, com os espaços e com a forma. Seus versos tinham a forma da cidade: às vezes caóticos, apressados. Em outras, romântico, como as frias madrugadas em que eram elaborados e, de pronto, afixados nas paredes. Vibrantes como canções. Notas dispersas que, agora, a Editora Autêntica traz para você. Os versos do jornalista e poeta Ney Mourão, que encontrou uma editora. Aqueles, da época dos grafites, e outros acordes, para seu deleite. Leia, como quem ouve música. Ouça, como quem lê poesia!