A infância e a juventude já foram vistas pelos filósofos antigos como um estado primitivo que ameaça a construção racional da civilização. “O jovem é, de todos os animais, o mais intratável”, escreveu Platão. Talvez porque a adolescência seja a fase da vida onde tudo parece ter uma intensidade desmedida; dúvidas, medos, certezas, paixões, desejos inconfessáveis... E foi justamente neste universo que Graziano Costa – filósofo corajoso e atuante nestes tempos – deixou-se encantar para compor estas suas crônicas de estreia em livro. Com a experiência da sala de aula, este jovem professor compartilha conosco os anseios de seus alunos e alguns dos diálogos que teve com eles, e que tem marcado sua trajetória não só como docente, filósofo, mas também como ser humano. Penso que isso só foi possível porque seus alunos ainda trazem, junto a todas as questões, aquele romantismo de que os filósofos têm resposta para tudo, e acreditam que o amor pela sabedoria chancele sua capacidade de discorrer sobre qualquer assunto, encontrando sempre uma maneira nova de desvendar os mistérios mais secretos, aqueles em que nesta fase da vida não temos coragem de compartilhar nem mesmo com os pais. Com isso, ganhamos nós, leitores; pais, filhos, por meio de diálogos fluentes, agradáveis e, sobretudo, reflexivos, sem didatismo ou presunção, sem o “ornamento da hierarquia professor-aluno”, mas de forma clara, comum ao dia a dia dos alunos.