Musashi é a obra literária mais vendida da história do Japão. São diversas edições, além de cerca de 15 versões cinematográficas ou televisivas. Seus principais personagens passaram a integrar o cotidiano nipônico, e a obra tornou-se livro de cabeceira e guia da arte de viver para gerações de japoneses.
Esta edição comemorativa -- caixa contendo a obra em três volumes e livreto ilustrado com representações do grande samurai nas gravuras ukiyo-e -- foi lançada originalmente pela Estação Liberdade por ocasião dos 10 anos de Musashi no Brasil, da marca de 100 mil exemplares vendidos dos dois volumes da edição anterior.
Agora, após mais de 17 mil boxes vendidos, nós da Editora Estação Liberdade estamos trazendo um box totalmente repaginado. Design atualizado, papel, capas, fontes e ilustrações diferentes, tudo de cara nova!
Importante: os conteúdos textuais dos três livros não sofreram nenhuma alteração.
A elogiada tradução de Leiko Gotoda -- primeira versão integral da obra no Ocidente -- abriu caminho para toda uma safra de traduções diretamente do japonês no Brasil. Este romance épico baseado na história japonesa narra um período da vida do mais famoso samurai do Japão, que viveu ao que tudo indica entre 1584 e 1645. O início é antológico: Musashi recupera os sentidos em meio a pilhas de cadáveres do lado dos vencidos na famosa batalha de Sekigahara, em 1600. Perambula a seguir em meio a um Japão em crise onde samurais condenados por senhores feudais ao desemprego e à miséria (os ronin), desbaratados, semeiam a vilania ditando a lei do mais forte.
Musashi será mais um dentre estes pequenos tiranos, derrotando impiedosamente quem encontra pela frente até que um monge armado apenas de sua malícia e de alguns preceitos filosóficos zen-budistas consegue capturá-lo e colocá-lo à prova. Musashi foge graças a uma jovem admiradora, para ser novamente capturado, e agora fica três anos confinado numa masmorra onde uma longa penitência toda feita de leituras e reflexões o fará ver um novo sentido para a vida, assim como novos usos para sua força e habilidade descomunais. Os caminhos rumo à plenitude do ser jamais são fáceis, e em seus anos de peregrinação em busca da perfeição tanto espiritual quanto guerreira enfrentará os mais diversos adversários.
É numa dessas situações que, totalmente acuado, usará pela primeira vez, em meio ao calor da luta e quase inconscientemente de início, a surpreendente técnica das duas espadas, o estilo Niten ichi, que o tornaria famoso pelo resto dos tempos. O leitor poderá assistir a seu amadurecimento, acompanhando o percurso que o levou a transformar-se de garoto selvagem e sanguinário no maior e mais sábio dos samurais, capaz de entender e amar tanto a esgrima quanto as artes. Paralelamente, a trama caminha para o esperado e inevitável duelo na ilha de Funashima com Sasaki Kojiro, o outro grande espadachim da época e rival de Musashi em habilidade, tenacidade e sabedoria guerreira. Esse incrível combate, que encerra a obra, se firmou por meio da literatura (em adaptações de todo tipo e por suas várias versões cinematográficas) no ideário coletivo da nação japonesa, e muita gente sabe comentar seus lances nos mínimos detalhes.
Musashi também traça um painel do Japão em sua encruzilhada na época da unificação nacional sob a linhagem dos Tokugawas, numa longa transição que o viu passar de constantes lutas armadas entre pequenos suseranos (daimyo) ao domínio de uma classe de "burocratas do papel e do pincel" (nas palavras do especialista Edwin Reischauer, que assina o prefácio), que fariam o país se desenvolver isoladamente do resto do mundo por dois séculos e meio. A obra também será marcada pelos acontecimentos em Edo, a futura Tóquio, então em frenético desenvolvimento, cujo palpitante submundo deixa antever a metrópole que mais tarde viria a ser, e que constituem a incursão urbana desta obra predominantemente bucólica e com forte presença de um feudalismo em sofrida modernização.