Depois de treze anos de casamento, David Pepin não consegue imaginar a vida sem a esposa, Alice. Ainda assim, David fantasia diariamente a morte da mulher: seja atropelada por um trem ou atingida por um raio, ela sempre morre no final.
Até que Alice de fato morre, engasgada com um amendoim. A polícia acaba suspeitando de David, e dois detetives são enviados para investigar o caso. O programador reservado, que cria jogos de computador baseados na obra de M. C. Escher, terá sua vida virada do avesso pelos policiais.
E que casamento resiste a um olhar microscópico? Deprimida, instável e presa em eternas oscilações de peso, Alice vinha se tornando uma estranha ao marido. Conforme a investigação avança, entra em cena um assassino profissional, que pode ou não ter sido contratado por David para matar a mulher.
Mas a preocupação de Adam Ross em Mr. Peanut não é estritamente detetivesca. Como num labirinto de Escher, essas tramas se encontram e desencontram, apontam caminhos sem saída e voltam ao ponto de início. O que interessa ao autor é captar, com sutileza, humor e verve literária, as vidas encapsuladas nesta tira de Möbius.
Um dos detetives se encontra em plena guerra particular com a esposa, que há meses se recusa a levantar da cama. O outro investigador, por seu turno, é obrigado a relembrar o assassinato da própria mulher, do qual ele foi o principal suspeito.
Se há um eixo central em Mr. Peanut, portanto, é a experiência do casamento. Embora as peças desse quebra-cabeças remetam a um ou mais crimes, o quadro que surge ao final é uma visão multifacetada dos relacionamentos, um mosaico magistralmente construído dos pequenos assassinatos que cometemos a dois.
“Sombrio e hipnotizante. A estreia de um autor de enorme talento. Ross é um ginasta literário e um mago com as palavras.” - The New York Times