György Lukács nasceu em Budapeste, Hungria, em 1885, e faleceu na mesma cidade, em 1971. Ele foi um dos mais importantes filósofos marxistas do século XX. Desde jovem, o interesse pela estética ocupa um papel central em sua obra. Num primeiro momento, foi influenciado por Kant e, mais tarde, quando escreveu Teoria do romance (1916), por Hegel. Mas a grande virada em seu pensamento ocorre sob a influência da Revolução Bolchevique de 1917, que abriu para grande parcela da humanidade uma perspectiva de transformação da realidade, uma alternativa radical ao sistema capitalista. É então que Lukács adere à teoria social de Marx, uma adesão que tem também uma dimensão claramente política: em 1918, ele ingressa no Partido Comunista Húngaro, no qual permanecerá até o fim de sua longa vida.
Esta adesão é um ponto de inflexão também em suas reflexões teóricas, inclusive no terreno da estética. Superando a visão idealista que marca seus escritos juvenis, as reflexões de Lukács sobre a arte e a literatura passam a ter como base, a partir de uma rigorosa leitura das obras de Marx e Engels, o materialismo histórico e dialético. São muitos os críticos que chegam mesmo a considerar Lukács “o Marx da estética”.
São muitos os temas abordados nos ensaios contidos em Marxismo e teoria da literatura. Além de um criterioso exame das ideias estéticas de Engels e de uma abordagem da teoria marxiana da decadência ideológica e de seus reflexos na literatura, Lukács nos apresenta algumas das principais determinações do realismo, que é para ele uma característica essencial de toda grande arte e não apenas um estilo entre outros. Na exata medida em que é um reflexo da realidade objetiva, ainda que obtido por meios diferentes daqueles da ciência, toda arte autêntica possui esta dimensão realista, que faz com que seu receptor tome consciência de sua participação nas experiências do gênero humano. Para Lukács, há assim uma estreita e orgânica relação entre arte e sociedade.