Há 4.000 anos, uma poeta, sacerdotisa e herdeira de um império mesopotâmico foi exilada e pediu socorro à mais imprevisível das divindades: Inana, rainha dos céus e da terra, deusa do amor, do sexo e da guerra. Seu nome era Enheduana – não apenas a primeira poeta mulher da história, mas a primeira pessoa, de qualquer gênero, que escreveu e assinou o que hoje chamamos de literatura.
Um dos poemas desta edição de Inana – antes da poesia ser palavra era mulher, publicada de maneira bilíngue (sumério/português) pela sobinfluencia, é “A Exaltação de Inana”. Não apenas um poema de louvor à deusa, mas uma obra sofisticada sobre tensões político-religiosas e sobre o próprio fazer poético, uma profissão de fé no poder das palavras, que temos o privilégio de ler pela primeira vez numa tradução poética completa para o português, realizada por Guilherme Gontijo Flores.
Esta edição também contém a tradução, de Adriano Scandolara, de um outro poema sumério, “A Descida de Inana ao Mundo dos Mortos” (este de autoria anônima), poderosa narrativa mítica sobre a morte e ressurreição da deusa. O livro também possui um prefácio da historiadora Kátia Pozzer, docente nos cursos de História da Arte, História e no Programa de Pós-Graduação em História na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.