O livro de poemas Estação Paraíso, do jornalista, poeta e militante Alipio Freire, ganha sua segunda edição. Morto pela covid-19 em 22 de abril de 2023, Alipio deixou como legado uma longa história de luta pelos direitos humanos, pela memória e pelas artes, além de três obras póstumas, atualmente também em edição.
Estação Paraíso foi escrito em homenagem a Aurora Maria Nascimento Furtado, a “Lola”, como era conhecida pelos companheiros que junto a ela lutaram contra a ditadura civil militar. Assassinada pelo regime no dia seguinte à sua prisão, após tortura abominável, Aurora é lembrada por Alipio como símbolo de resistência e renascimento de toda uma geração após décadas de um regime autoritário, corrupto e assassino. Os poemas, alguns divididos em cantos, revisitam o gênero épico – escolha muito original em relação às narrativas testemunhais referentes ao período da ditadura – e dialogam com poetas e referências modernas, “Com a memória em 64 / os pés em 22 / a cabeça em 68 / e o coração sem tempo”, como o próprio eu-lírico se define em alguns versos do poema “31 de março de 1992”.
A obra, com apresentação de Luiz Alberto Sanz e Jorge de Almeida, foi lançada pela primeira vez em 13 de dezembro de 2007 pela Editora Expressão Popular, em São Paulo, e agora ganha segunda edição a partir da parceria entre a mesma editora e a Fundação Perseu Abramo. De acordo com o coletivo de literatura do Instituto Estação Paraíso – fundado por familiares e amigos para divulgar e difundir a obra e as frentes de luta encampadas por Alipio Freire –, a nova edição manterá todas as escolhas feitas pelo autor à época da primeira edição: desde os textos de apoio até o projeto gráfico, também idealizado por ele.