Quando Anne Rice começou a escrever um romance sobre vampiros, no final dos anos 60, pensava estar apenas utilizando seu repertório de tradições de Nova Orleans e as histórias de terror vitorianas que lia quando menina. Logo ela percebeu que os personagens que estava criando eram fortes, expressivos, e um canal perfeito para a projeção de suas próprias tragédias e angústias.
Entrevista com o vampiro rapidamente se transformou num dos grandes fenômenos cult de nosso tempo. Mistura equilibrada de elementos góticos com erotismo, de modos modernos com narrativa romântica, de extrema crueldade com paixões arrebatadoras, o livro revela em ritmo febril um mundo de vampiros em permanente dilaceramento interno, empenhados em orgias inconfessáveis de vida e morte.
O romance apresenta o vampiro Lestat, ousado, sedutor, um tanto sórdido, pronto para destruir mitos, nem que para isso desencadeie assassinatos em massa. Prosseguem com Lestat em sua saga, Louis, o "entrevistado" deste primeiro livro, e Armand, seu amigo. O quarto personagem fundamental de
Entrevista com o vampiro é uma criação surpreendente de Anne Rice: a vampirazinha Cláudia, mescla de inocência e maldade infantil.
Entrevista com o vampiro não é um livro de terror. É, isto sim, um retrato provocante de uma época de vertiginosa vampirização em todos os meios e sob todas as formas. É também a prova real de que é possível fazer ficção de alta qualidade com qualquer tema, desde que nele se injete o sangue que Anne Rice faz correr nas veias de sua obra de estreia.