Intolerância política, religiosa e de pensamento, masculinismo, machismo, feminismo, femismo, racismo, homofobia, ideologia de gênero, misoginia, misandria, patriarcado, vegetarianismo, questão animal, direita x esquerda, conservadores x progressistas, censura x boicote, mídia tradicional x mídia alternativa, parcialidade x imparcialidade. Esses temas são discutidos em ‘Eleição de síndico’, polêmica obra de Ronaldo Andrade sobre como o embate entre o politicamente correto e o politicamente incorreto prejudica a discussão produtiva e emocionalmente equilibrada no Brasil, dificultando a convivência social e disseminando discursos de ódio. Escrita em formato de texto dramático, misturando citações e referências históricas, estereótipos, linguagem popular e cenas do cotidiano político do país, a obra utiliza o humor como forma de crítica, analisando as relações humanas e comportamentos radicais na sociedade brasileira ao espelhar o zeitgeist (espírito da época) sob o ponto de vista do personagem ‘Homem branco’, síndico do Condomínio Diversidade, utilizando como cenário a reunião onde os moradores (Feminista, Homossexual, Negro, Ambientalista / vegetariano, Cachorreira / gateira, #Kontraosystemma, Religioso e Ciclista) farão a escolha do novo síndico, que o autor retrata com um final surpreendente. O texto destaca a dificuldade em se respeitar opiniões contrárias, a liberdade de expressão e a manifestação artística sem ficar a mercê da Política e seus interesses, espelhando o autoritarismo por meio do contágio social em um debate ideológico marcado por desonestidade intelectual, malabarismos retóricos e relativismos cultural e moral, numa feroz disputa de narrativas. A proposta de Ronaldo Andrade é estabelecer um diálogo equilibrado sobre essas questões, sem medo da opressão e do “mimimi” que as redes sociais muitas vezes impõem, desconstruindo paradigmas em tempos de fake news e pós-verdade, mostrando o desafio, num ambiente de polarização e busca por empoderamento, em se eleger síndicos – ou presidentes.