Ao retratar o Brasil através da degradação de sua elite econômica, Marcelo Vicintin constrói um livro singular, com altíssimo poder de capturar o leitor. Uma estreia surpreendente.
“Dizem que o dinheiro não muda ninguém, apenas desmascara; e é num mundo sem máscaras que as predileções humanas ficam mais claras.” Esta é a síntese de um romance em que dois narradores privilegiados se alternam para contar cada um a sua história. Um deles é Egydio, herdeiro de uma empresa de navegação, que cumpre pena em prisão domiciliar após ser flagrado por uma força-tarefa da Polícia Federal; a outra é Marilu, espécie de arrivista em busca da imagem perfeita, mergulhada num presente frenético e incerto. São personagens que não buscam a simpatia do leitor, pelo contrário. Mas seu encanto está justamente no que neles há de corrompido. É necessário considerar as nuances da escrita — a meio caminho entre a paródia e a crítica, procurando abarcar um contexto muito mais amplo, o do Brasil desse início de anos 2020 — para que se possa adentrar no coração desta que, sem dúvida, é uma das estreias literárias mais corrosivas e corajosas dos últimos anos.
“Falar da elite brasileira sem caricatura, tentando entender os afetos que geram sua degradação privada e pública no passado e no presente, já seria algo raro na nossa literatura. Mas a estreia de Marcelo Vicintin vai além, acrescentando a esse ponto de vista sabor, humor e habilidade narrativa.” — Michel Laub
“É com maturidade incomum que Marcelo Vicintin conduz este que não parece em absoluto um romance de estreia. É uma estreia sem hesitação, que não procura evitar os desafios impostos por uma trama e uma estrutura intrincadas.” — Camila von Holdefer