Qual o peso da família nas nossas vidas, e qual o peso do dinheiro? O que acontece quando uma mãe decide não cuidar da filha, e quando uma filha decide não cuidar da mãe? Seríamos diferentes se tivéssemos nascido em outro lugar, em outro tempo, em outro corpo?
Neste celebrado romance de Elena Medel há duas mulheres: María, que no final dos anos 1960 deixa sua pacata cidade de província para trabalhar em Madri; e Alicia, que faz o mesmo caminho trinta anos mais tarde, por razões bem diferentes. E há, claro, a mulher que as une e de quem praticamente não se fala: filha de uma e mãe da outra.
As maravilhas é um romance sobre o dinheiro, ou melhor, sobre como a falta de dinheiro pode determinar uma vida inteira de precariedade e matar, um a um, todos os sonhos de alguém. Uma história sobre afetos, cuidados, responsabilidades e expectativas. E, também, uma jornada sobre o passado recente da Espanha, do final da ditadura franquista até a explosão do feminismo, contada por duas mulheres que tampouco podem ir às manifestações lutar pelos seus direitos porque têm, claro, de trabalhar para garantir o seu sustento.
Vencedor do Prêmio Francisco Umbral de Livro do Ano e já uma sensação na Espanha e em mais de uma dezena de países, As maravilhas traz meio século do movimento feminista à tona. Seu mergulho na vida interior das protagonistas é tão profundo e articulado quanto suas reflexões acerca do mundo do trabalho para milhões de assalariadas.
O lirismo de Elena Medel revela suas raízes como poeta, mas sua narrativa — rápida e com pleno domínio da forma — mostra que ela é uma romancista cheia de bravura, dona de uma prosa hipnotizante. Este é um romance que inaugura uma nova e inimitável voz na ficção contemporânea.