O selo Escrituras, dentro da Coleção Ponte Velha, edição apoiada pelo Ministério da Cultura de Portugal e pela Direção-Geral do Livro e das Bibliotecas (DGLB), publica "Animal Olhar", uma antologia da obra poética de António Ramos Rosa, organizada por Rosa Alice Branco e Rodrigo Petrônio.
Animal olhar vem mostrar a poesia de Ramos Rosa, premiadíssimo autor português, que insere o homem no seio do mundo, poética operada pela palavra: geradora, rito de passagem e circulação entre eles. A palavra gera, na medida em que cria o mundo dos possíveis e é operadora da transformação do possível em real. Em sua poesia, cada coisa pode ser tudo e nada, o que nos leva à polissemia infinita da palavra.
A obra de Ramos Rosa pode ser vista como meta poética, em que a interrogação sobre o poema acrescenta ao ser o não saber de si e o amor da busca para pertencer ao mundo, que é também o mundo das palavras. Ele a correlaciona com a metafísica, na medida em que esta é a reflexão do poeta sobre a percepção do mundo. Mas, de fato, esta reflexão é apenas a luz que as coisas lhe devolvem em forma de palavras. “Escrevo para ser contemporâneo das nuvens / para pertencer à nua e pobre pátria inerte”, diz ele.