Em "Amar, verbo intransitivo", Mário de Andrade propõe-se a explorar o mistério da alma feminina com a criação de uma personagem-chave, a governanta alemã Fraülein, de 35 anos, contratada pelo patriarca da família Sousa Costa para iniciar sexualmente seu filho Carlos, de 16 anos. Contando com uma narrativa experimental, ousada, próxima da linguagem cinematográfica, o primeiro romance de Mário de Andrade é sem dúvida uma das referências mais significativas do modernismo brasileiro. Amar, verbo intransitivo causou escândalo quando foi publicado pela primeira vez, na década de 1920. Classificado pelo autor como “idílio” — texto leve sobre o amor — a obra traz uma protagonista dividida entre a razão e a emoção, cenas separadas graficamente, como cortes cinematográficos, e um narrador que é personagem como todos os outros, alter ego do autor: utiliza metáforas musicais, discorre sobre teorias literárias, faz crítica de arte, numa linguagem que Mário chama de “brasileira”: coloquial, repleta de palavras e expressões do cotidiano de todo o país. MÁrio de AnDradE nasceu em São Paulo em 1893. Intelectual de uma riqueza impressionante, inovou de maneira inédita a literatura brasileira, consolidando-se como um de seus maiores nomes. Com uma obra múltipla — foi poeta, contista, romancista, musicista, cronista, esteta, crítico de artes e de literatura, além de folclorista — exerce até hoje enorme influência em diversos âmbitos das artes do país. Faleceu em 1945, aos 52 anos, deixando um vazio nas Letras e mais de vinte livros publicados. Capa: Larissa Fernandez e Leticia Fernandez.