Um jogo, um experimento, uma colaboração literária sem precedentes Que leitor nunca imaginou um livro que unisse Hercule Poirot e Miss Marple, detetives protagonistas de Agatha Christie? Ou Sherlock Holmes, de Arthur Conan Doyle, e Nero Wolfe, de Rex Stout? É uma união inesperada como estas que Água na Boca apresenta: Salvo Montalbano, de Andrea Camilleri, e Grazia Negro, de Carlo Lucarelli, dois gênios italianos do romance noir. Após um encontro entre os dois escritores para a gravação de um documentário, eles aceitam o desafio proposto por seu editor: escrever um livro a quatro mãos, em que cada um fosse criando, alternadamente, as partes da trama. O que começou apenas como uma obra colaborativa, se tornou, ao longo dos meses, uma partida de xadrez – palavras do próprio editor. Camilleri e Lucarelli enviavam o texto ao parceiro sempre num momento em que dificultasse a continuação por parte do adversário. A comunicação entre eles ocorria por meio de cartas e faxes – em que utilizavam fotos, colagens, textos escritos à mão e datilografados. Em determinados momentos, segundo eles próprios, foi extremamente complicado sair da situação criada pelo outro. Água na boca é, portanto, o resultado de um duelo travado entre dois mestres detentores de técnicas distintas de escrita e que conquistaram milhões de leitores ao redor do mundo. O que põe Montalbano e Grazia em contato é um insólito homicídio ocorrido em Bolonha: a vítima é encontrada com um saco plástico cobrindo-lhe a cabeça. No piso, ao lado do cadáver, há três peixinhos vermelhos. O caso está nas mãos de Grazia Negro, a qual, tendo descoberto que a vítima era originária de Vigàta, pede ajuda ao colega siciliano. Mas até que ponto Montalbano estará disposto a entrar no jogo e acompanhar Grazia numa investigação que se anuncia perigosíssima e é abertamente hostilizada pelos superiores de ambos?