A história de uma viúva é o emocionante relato da luta de uma mulher para continuar a viver após a morte de um grande amor. Em uma obra inovadora, em que usa todas as suas habilidades de romancista para narrar uma história verídica, Joyce Carol Oates reconta a história da morte do marido - com quem fora casada por quase 50 anos - e sua luta não só para sobreviver ao choque, mas para reconstruir sua própria identidade. Em uma manhã de fevereiro, em 2008, Joyce Carol Oates leva Raymond Smith, seu marido, à emergência do Princeton Medical Center, onde ele é diagnosticado com pneumonia. A expectativa é de que receba alta em alguns dias, mas, menos de uma semana depois, ele morre por conta de uma infecção contraída no próprio hospital. E Oates se vê completamente despreparada para lidar com a viuvez. “Eu fiquei completamente atordoada. Foi como se eu tivesse levado uma martelada na cabeça e entrado num mundo absurdo, em que tudo parecia exacerbado. Se estava chovendo, minha impressão é que estava chovendo muito mais. Sentia como se tudo estivesse indo por água abaixo, mas, mesmo assim, tinha que continuar tocando a vida”, lembra Oates, contando que inicialmente pensava em escrever algo como um manual para viúvas. “Posso dizer que fui compelida a escrever essas memórias. Eu tenho um diário e sempre que não conseguia dormir, anotava minhas emoções e experiências exatamente como haviam acontecido naquele dia. Então, o texto tem a respiração, o fôlego das situações se desenrolando, como realmente aconteceram desde a hospitalização de meu marido”, lembra Oates. Com uma narrativa peculiar, em que mescla magistralmente, numa mesma frase, o conflito de emoções dissonantes, Joyce Carol Oates compartilha com o leitor a negação, a angústia e a desorientação de uma sobrevivente. E apresenta, em uma história de amor e perda, a admirável saga de uma mulher que parte para reconstruir não apenas uma nova vida, mas para se reinventar. “Me casei de novo com um homem maravilhoso, que teve severas perdas familiares, ou seja, que está bem familiarizado com esse tipo de dor, mas é uma pessoa muito firme, com um ótimo senso de humor que, devo dizer, é realmente fundamental nesses casos. Porque não resta dúvida que tudo vai desmoronar”, diz a escritora.