Esta peça, apresentada primeiramente a Dom João III, rei de Portugal, é considerada a mais divertida, complexa e humanista de Gil Vicente.
A personagem Inês Pereira, calculista e ambiciosa, sonha casar-se e livrar-se da vida doméstica, mas, a princípio, não se interessa por Pêro Marques, camponês provinciano, mas honesto, preferindo casar-se com Brás da Mata, escudeiro de má índole e dissimulado.
A vida, o caráter e os costumes da jovem são uma crítica às mulheres burguesas, ambiciosas e insensatas da época. Apresentando aspectos histórico, social e linguístico, o teatro poético de Gil Vicente proporciona uma reflexão acerca das mentalidades medieval e pré-renascentista, trazendo à luz uma sociedade em transição.
Empregando ironias, paródias, trocadilhos e insinuações apimentadas, o autor mostra sua versatilidade de linguagem neste clássico da literatura.
A obra, fruto de um desafio que Gil Vicente aceitou para provar seu talento, mostra as atitudes da jovem Inês Pereira, que simbolizavam os valores de uma época.
A comédia é dividida em quatro partes principais e oito cenas, sem mudar o cenário. Inês está sempre presente em todas as cenas.
A intenção do autor foi comprovar o provérbio: “Mais quero um asno que me carregue, que um cavalo que me derrube”.