Esta belíssima alegoria política começa com um poema e prossegue com uma série de ensaios, unificados pela ideia original de que o autointeresse favorece o desenvolvimento da sociedade. Médico e pensador holandês radicado em Londres, Mandeville (1670-1733) partiu da ideia de que todas as estruturas de ordenação social, tais como a lei, a linguagem, o mercado, e mesmo a expansão do saber, se desenvolveram de forma espontânea, a partir das ações humanas. Com um estilo vigoroso, A Fábula das Abelhas ganhou várias versões, causando profundo impacto sobre a economia, a ética e a filosofia social de seu tempo. Da edição de 1714 constam ainda 20 Observações, que discutem em prosa o poema original (de 1705), e Uma Investigação sobre a Origem da Virtude Moral; a edição seguinte, de 1723, ganhou outros dois textos: Um Ensaio sobre a Caridade e as Escolas de Caridade e Uma Pesquisa sobre a Natureza da Sociedade. Ao contrário da anterior, de pouca repercussão, esta obteve enorme notoriedade, foi denunciada pelo Grand Jury de Middlesex sob acusação de “propagar a corrupção dos costumes”, e recebeu tantos ataques que, no ano seguinte, Mandeville adicionou à nova tiragem Uma Defesa do Livro, como resposta aos incontáveis críticos. Pela primeira vez o leitor brasileiro tem acesso à íntegra dessa obra fundamental, em dois volumes, traduzida a partir da brilhante edição crítica de F. B. Kaye, publicada pelo Liberty Fund na sua coleção de clássicos – agora coeditada pela Topbooks, com um substancioso ensaio introdutório do filósofo Denis Lerrer Rosenfield. O segundo volume será publicado no final de 2022. Tradução de Christine Ajuz e Raul de Sá Barbosa