O selo Escrituras publica A Escola sem paredes, de Moaci Carneiro, uma utopia que existe dentro de cada um.Toda boa escola é um sonho em construção. Se viver é sonhar - como pretendeu Calderón De La Barca, - fazer escola é construir sonhos. A escola sem paredes situa-se no horizonte da utopia de cada um. Quem procurar por aí essa escola, provavelmente jamais a encontrará. No entanto, ela existe dentro de cada um de nós, no inviso panorama íntimo de nossos corações.Cada professor, enquanto semeador de utopias, conhece essa escola, embora nunca a tenha visto. Assim é a vida: a gente enxerga primeiro; depois, as coisas existem. O caçador de borboletas de Berteau era assim: via borboletas onde não existiam, e porque as via, terminava com os próprios olhos transformados em borboletas. Rubem Alves diz que as coisas que existem nascem de coisas que não existem. E arremata: "Sabiam disso os teólogos que se referiam à creatio ex-nihilo, - à criação a partir do nada". (1999, p.131)A escola sem paredes poderá vir a existir. Quando isso acontecer, ela será do tamanho dos sonhos de cada um de nós. Os alunos sonham com ela. Com uma gestão participativa, com um currículo flexível, com uma sala de aula onde cabe a vida, com uma avaliação que leva em consideração os interesses dos alunos. Por isso é que se diz: a escola sem paredes não parece escola, não: tem vida, tem alegria, tem boa pedagogia.É essa escola elástica, abrangente, suave na organização e terna no funcionamento, que vai possibilitar a cada aluno o direito de se constituir como pessoa única, que não pode se contentar com uma programação de caminhos iguais para todos. Pois essa igualdade artificialmente formulada encontra-se no caminho da desigualdade institucionalizada, que eiva a escola de nossos sonhos - uma escola risonha e franca, como pretendia Freinet, como almejamos todos nós. (o autor)