O psicológo francês Gérard Vergnaud, considerado uma referência na Didática de Matemática, desenvolveu importantes estudos relativos à Psicologia Cognitiva, sendo a Teoria dos Campos Conceituais o mais importante deles. Esta teoria tem por finalidade repensar as condições de aprendizagem conceitual, de maneira que se torne mais acessível à compreensão do aluno. Na perspectiva de Vergnaud, um campo conceitual é ao mesmo tempo conjunto de situações e um conjunto de conceitos: o conjunto de situações cujo domínio progressivo pede uma variedade de conceitos, de esquemas e de representações simbólicas em estreita conexão; o conjunto de conceitos que contribuem com o domínio dessas situações. Esses conceitos formam, aliás, sistemas, cuja organização é progressiva, eventualmente jamais acabada: por exemplo, o campo conceitual das estruturas aditivas se desenvolve em um período muito longo de tempo, a partir dos 3 ou 4 anos e até o fim dos estudos secundários; erros de conceitualização persistem em muitos adultos ou até mesmo em todos. O campo conceitual da moral é igualmente lento e complexo, e seu desenvolvimento vai desde os primeiros anos até a vida adulta. Por razões de praticidade podemos identificar campos conceituais mais restritos, em um ou outro registro da atividade cognitiva, como a compreensão de textos narrativos nas séries iniciais da Educação Básica, a mecânica do movimento no Ensino Médio, a conduta das centrais nucleares dos profissionais em atividades ou em formação. Mas em todos os casos, é perigoso considerar objetos de conhecimento muito restritos no sentido de que arriscamos não compreender o processo organizador do desenvolvimento das competências e conceitualizações. Esta obra apresenta artigos que discutem a aprendizagem de conceitos matemáticos sob esta ótica com a finalidade de divulgar e de compartilhar a Teoria dos Campos Conceituais com os leitores, sua riqueza e possibilidades.