Terra Cota é uma cidade que, à primeira vista, pode parecer normal, mas ela guarda algo indizível e sombrio em seu interior. Depois do cultuado Ultra Carnem, e dos celebrados VHS: Verdadeiras Histórias de Sangue e DVD: Devoção Verdadeira a D., o novo livro de Cesar Bravo, 1618, apresenta uma frequência particular do terror enraizado na nossa sociedade e nessa tal tecnologia que parece nos unir. Bravo possui uma sintonia fina capaz de captar todos os nossos medos e silêncios. Tudo é desencadeado em um dia comum na pacata cidade quando uma estranha anomalia tecnológica começa a expor os segredos mais obscuros de seus habitantes através de mensagens no celular. A sujeira de Terra Cota começa a ser desenterrada. A cada notificação recebida, um crime é revelado, um caso sórdido compartilhado, mentiras e estranhos desejos da carne se manifestam pelos aparelhos. Descendo um degrau por vez, os moradores se entregam ao mais profundo pânico de terem suas verdades expostas. Falsas realidades são destruídas a cada notificação. Enquanto centenas de mensagens chocam e entretêm a tediosa vida dos moradores locais, os animais começam a se comportar de maneira brutal, números enigmáticos aparecem no visor como presságios de uma sorte agourenta, pessoas alegam se conectar através de aparelhos eletrônicos com seus entes queridos que já se foram. Dia após dia, a atmosfera de Terra Cota vai ficando cada vez mais densa, absurda e sombria. Todos querem desaparecer. Todos querem monitorar. Todos querem se conectar e descobrir a verdade por trás do fenômeno e até uma planta desconhecida desenvolve uma estranha predileção por antenas e equipamentos elétricos e se espalha por toda a região. A esquecida cidade do noroeste paulista, vizinha de Três Rios — cidade que os fãs de Cesar Bravo já conhecem de seus livros anteriores —, mergulha em caos enquanto tenta se recuperar da pior epidemia dos tempos modernos, sem imaginar que está sendo vítima de um novo ataque. Em meio a assassinatos, teorias da conspiração e crimes soterrados pelo tempo, 1618 transita pelo mundo do horror e da ficção científica, quebrando protocolos e oferecendo uma história ágil, atual e estranhamente familiar. Segundo Christiano Menezes, o diretor editorial da DarkSide, “esse novo experimento literário de Bravo é vívido. É como um som poderoso que podemos enxergar”. Em seu novo livro, Cesar Bravo faz todo tipo de provocação, e abre caminho para que um horror enraizado em nosso solo ganhe mais voz. Com sangue, humor e muita acidez, a voz singular e muito brasileira do escritor nos leva a questionar: Quando pedimos ajuda às estrelas, alguém se lembra de perguntar quem está ouvindo?