Jantares em diferentes países (Editora José Olympio) traz o relato do viajante Jacques Arago sobre os costumes alimentícios de diversos povos &ldquo,exóticos&rdquo, no século XIX, como os hotentotes, os cafres (dois grupos étnicos africanos), os patagônios, os gaúchos, os chineses e os papuas, entre outros. O autor não se restringe a falar das comidas, comentando a forma de adquirir e preparar os alimentos. É um texto fluente, instrutivo e divertido.&ldquo,O leitor não deve esperar encontrar propriamente um livro de culinária&rdquo,, escreve no prefácio Henrique Carneiro, do Departamento de História da USP. &ldquo,Escrita na primeira metade do século XIX, esta obra se insere na longa tradição dos livros de viajantes que descrevem, mais do que os verdadeiros hábitos, o seu olhar sobre eles. É como uma cosmografia, portanto, vocação de detalhar todas as características e aspectos de novas terras, que esta narrativa se dedica a perseguir, pelo fio de continuidade das formas de se alimentar, um conjunto de mitos étnicos-morais.&rdquo,Os hábitos alimentares são encarados &ndash, sem qualquer isenção de preconceitos e estereótipos &ndash, por um europeu moralista, fazendo com que a obra funcione também como o retrato de uma sociedade européia com dificuldades em entender a questão do &ldquo,outro&rdquo, &ndash, principalmente quando ele come serpentes ou formigas.Jantares em diferentes países faz parte da coleção Baú de Histórias, coordenada pela historiadora Mary Del Priore, que convida o leitor à exploração de temas e autores raramente à disposição. Reunindo documentos e narrativas, textos literários ou de viagens (gentilmente cedidos por renomados bibliógrafos como Paulo Geyer e José Mindlin, ou instituições como o Museu Imperial), apresenta raros testemunhos de um universo e de um tempo que perdemos. Da mesma coleção, a José Olympio já lançou Frescos trópicos: Fontes sobre a homossexualidade masculina no Brasil (1870-1980), de James N. Green e Ronald Polito, Entrevistas com escravos africanos na Bahia oitocentista, de Francis de Castelnau, Cinqüenta dias a bordo de um navio negreiro, de Pascoe Grenfell Hill, e Diário de um príncipe no Rio de Janeiro, de François Ferdinand Philippe Louis Marie D&rsquo,Orléans.