O que é exílio? Tecnicamente, é ser obrigado a abandonar seu país de origem, algo bastante antigo na história humana. Alguns dos melhores poemas clássicos chineses foram escritos por exilados, tendo o exílio como tema. Na Grécia clássica, o exílio era uma das punições mais severas que alguém poderia sofrer, prática repetida na antiga Roma, onde o poeta Ovídio foi uma das mais célebres vítimas (inclusive compondo, a partir da experiência, o poema Tristia). Avançando no tempo, outros exilados foram Dante Alighieri, Napoleão Bonaparte e D. Pedro II, isso para não falar nos muitos brasileiros forçados a abandonar o país após o golpe de 1964. Os exemplos tenderiam ao infinito. Mas o exílio pode tomar inúmeras outras formas. Escravizados trazidos da África para as Américas, moradores de uma praça forte portuguesa no Marrocos enviados ao Amapá, antigos colonos franceses na Argélia obrigados a emigrar no momento da independência. E, numa situação menos dramática, exílio foi o que viveu o pai do narrador, que, muito a contragosto, teve que sair de sua Suíça natal para vir morar no Brasil. Exílio não é, porém, um tratado antropológico, político ou histórico sobre ser expulso do lar, e sim um romance. É uma história na qual o que mais conta são os dramas pessoais dos personagens que por ela circulam e que, ao longo da trama, se entrelaçam. De uma forma ou de outra, somos todos exilados. De uma forma ou de outra, todos os leitores, em algum momento, se reconhecerão neste livro.