A obra trata de três temas muito atuais no contexto mundial e brasileiro em particular. Estreitamente conexos entre si, essas práticas conhecidas em diferentes culturas ganham em nossos tempos contornos sociopolíticos de grande evidência. O autor analisa cada um dos temas por recurso a pensadores modernos que analisaram suas vertentes particularmente em suas dimensões sociais e políticas. Ressalta passos históricos da ideia de vingança como reinvindicação do restabelecimento da justiça; e aponta a fragilidade dos sistemas jurídicos vigentes em restabelecer realmente a justiça atendo-se a demandas tópicas. Instaurada a reinvindicação da justiça como vingança, estabelece-se o ódio como postura básica nas relações desencadeando práticas sociais que invadem s sociais com formas subliminares de discurso e condicionam a iniciativas concretas. A tortura se torna, nesse quadro, um lugar paradigmático e é considerada pelo autor “o núcleo da reflexão”. Como suas raízes não são eliminadas, ela persiste, inclusive com novas formas disfarçadas de coação moral, ocultando violências físicas; não obstante esforços ou movimentos que propõem sua ilegalidade. A obra tem leveza e fluência de estilo, ao mesmo tempo em que mantém vigorosa fundamentação acadêmica. Cada um dos três capítulos se encerra com referências bibliográficas específicas ao tema, mas aqui (diferente de original do mesmo autor apresentado sem prólogo e introdução) se pode ver a conjugação temática com incidência clara na atualidade sociopolítica mundial. O autor visa no fundo “um exercício de reconhecimento: a vingança está entre nós e emnós”. E completa dizendo que “ais do que lidar com o passado terrível, exaltando-o, a tortura e o extermínio de inimigos parecem ocupar sua fundamentação nos discursos que entrecruzam passado e presente, plasmando o futuro. É nesse sentido que os temas aqui tratados, vingança, ódio, discurso de ódio e tortura ganham relevância”.