Urge uma "conversão ecológica global" (Papa Francisco) para o uso e o cuidado responsável da água... O ponto de partida é a afirmação da água como "dom", portanto, gratuita na recepção e com igual gratuidade deve ser distribuída e utilizada. Os custos necessários para isso não justificam transformar esse dom em mercadoria. Tal postura é possível como ato de fé na existência de um Criador que concede o dom da água e a nossa responsabilidade de cuidar desse dom. Por isso afirmamos: ele é "direito humano". Na verdade, esse direito não é apenas dos humanos, mas de todas as criaturas que necessitam de água para sobreviver. Então a água é também um "bem comum". Isso tem diferentes significados: de pertença a todas as criaturas e também como algo que nos acomuna. A água é um elemento presente em praticamente todos os seres vivos na face da terra, de modo que é algo que nos vincula numa fraternidade criatural. A água tem um "valor múltiplo" e também "uso múltiplo": biológico, social, ambiental, simbólico, religioso, cultural, paisagístico, turístico... E a água ainda tem dimensões econômicas, políticas e de poder. Controlar a água é ter poder sobre os demais seres vivos. Distribuir a água com justiça é fazer justiça à vida de todos os seres vivos do planeta.