Camilla retorna de uma viagem internacional. Passou alguns dias na pequena cidade litorânea de Noordwjk, na Holanda. A viagem, na perspectiva dela, seria a chance de um reencontro com o namorado de juventude, Mateus. Ela se assegura de que a mensagem com as coordenadas de como a encontrar tenha chegado ao destinatário. Entretanto, os dias passam, ela vaga pela cidade, seus restaurantes e paisagens bucólicas. Apesar de ter sinalizado que iria, Mateus não aparece. A expectativa do reencontro alimentava em Camilla a possiblidade de reviver a sensação do enlace amoroso. Dentro dela, ainda havia a esperança de compartilhar memórias sobre a história de ambos e de se livrar de fantasmas do passado. Agora, além da fantasia romântica de reavivar o amor de juventude, ela decide passar a limpo uma história dolorosa e mobilizadora que já dura três décadas. Mateus não é apenas um ex-namorado, é alguém com quem Camilla teve algumas das primeiras e mais importantes experiências de vida em São Paulo e no interior do Estado, onde viviam as famílias dos dois jovens. É também alguém que ainda a encanta e seduz, mesmo que a relação, uma mistura de amizade e de atração, ainda que a relação esteja estremecida. Mateus a bloqueou nas redes sociais, e só resta a Camilla os aplicativos de mensagens. Pelo Whattsapp, ela lança última cartada para um encontro na pequena cidade holandesa. A ausência de Mateus e a falta de comunicação fazem Camilla escrever um longo relato, este que o leitor lê, sobre os mais de trinta anos que separam o namoro que tiveram e o filho que, por oposição da família dela, não tiveram. Ou melhor, foram obrigados a não ter. Essa é a principal questão que a protagonista de A maior mentira do mundo pretende reavivar no encontro, que agora ela sabe, teria sido o último e que não aconteceu. Assim, ela parece assumir que agora pode finalmente organizar os sentimentos e uma história amorosa, que é também uma história existencial, sexual, política e familiar. Além dos sentimentos, e isso não é pouco, muita coisa se acumulou nesses trinta anos. Dentre os temas que a ligam a Mateus estão: a vida de casados — cada um feliz e realizado com suas respectivas famílias —, a história política de um país atravessado por governos conservadores e por sopros de renovação, laços afetivos e familiares que podem ser acolhedores ou violentos e uma organização social em que os bons costumes encobrem as maiores mentiras do mundo e em que o corpo das mulheres costuma ser tomado como objeto dos desejos mais perversos. Como diz o escritor Flavio Cafiero, na orelha do livro, “o primeiro romance de Luciana Gerbovic traça, com rasgos febris de honestidade, a jornada particular de uma mulher em busca plena. (...) Nossa protagonista é uma mulher. Mulher que aborta, mulher que casa, que tem filhos e que almeja uma carreira... Protagonista? Em que trama? A sua? A que lhe foi dada? Camilla é o eco de uma imensa coletividade, aquela que abarca metade do mundo, a massa de fêmeas à mercê dos machos, nossos podres poderes patriarcais”.
ISBN-10: 6587790682ISBN-13: 9786587790688Páginas: 128idioma: PORTUGUÊSEdição: 1a EDIÇÃO - 2024Data edição: 2024-03-27 00:00:00Autor: GERBOVIC, LUCIANA